Sinopse

Nos dias 26, 27 e 28 deste mês de maio, a Companhia Editora de Pernambuco, por meio de sua Superintendência de Periódicos e Projetos Especiais, realiza o III Congresso de Judaísmo e Interculturalidade – III CIJI. Trata-se de um evento especial, por todas as razões – implícitas e explícitas. Os judeus ajudaram a ampliar e enriquecer, desde o século XVI, o Brasil, e sublinhamos uma das mais ricas de suas características: a diversidade.

Os cronistas, padres e viajantes foram os que, de início, registraram tal diversidade, e foram parte dela, como, logo em seguida, os historiadores, antropólogos, escritores, cientistas... Um dos mais famosos, Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), divulgou, no século XIX, uma proposta: “Como se deve escrever a história do Brasil. No começo do seu texto ele vai diretamente ao ponto:

“Qualquer que se encarregar de escrever a História do Brasil, país que tanto promete, jamais deve perder de vista quais os elementos que aí concorreram para o desenvolvimento do homem. São, porém, estes elementos de natureza muito diversa, tendo para a formação do homem convergido de um modo particular três raças, a saber: a de cor de cobre ou americana, a branca ou caucasiana, e enfim a preta ou etiópica. Do encontro, da mescla, das relações mútuas e mudanças dessas três raças, formou-se a atual população, cuja história por isso mesmo tem um cunho muito particular”.

Esse roteiro foi seguido, entre outros autores, por Gilberto Freyre, no seu Casa-grande & senzala. Ele tentou traduzir também a possível unidade na diversidade, o modo como o Brasil construiu, constrói e reconstrói, a sua identidade, em meio a uma ideia de alteridade tão diversa quanto a multiplicidade de povos habitantes desta terra.

Nesta edição, uma entrevista e um longo artigo nos animam a refletir e debater sobre esses assuntos. A conversa que a professora Eliane Boa Morte e o texto ao mesmo tempo erudito e coloquial do escritor Ioram Melcer – conferencista da abertura do CIJI.