• Revista Continente #281

Revista Continente #281

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Sinopse

Nos reinos e domínios da poesia e da técnica

Certa vez, ao dar aulas da disciplina de Poética, o compositor russo Igor Stravinski, fez questão de remeter-se às palavras usadas para poesia e arte, na Grécia antiga. Naquele tempo, a ideia sobre as artes e a poesia era muito mais abrangente e objetiva. Basta sabermos que o termo para poesia derivava de um verbo cujo sentido exato é “fazer”. “A poética dos filósofos da antiguidade não admitia lirismos sobre o talento natural, nem sobre a essência da beleza”, nos lembra o autor de A Sagração da Primavera.

Quanto às artes, a situação é ainda mais prática. Para os gregos, arte é Techne. Não no sentido restrito de hoje em dia: de técnica, tecnologia. Para “arte” empregamos ars, que deriva do Latim. No entanto, como anota, corretamente, Stravinski, Techne “englobava para eles as belas artes e as artes úteis, e se aplicava à ciência e ao estudo das regras verdadeiras e precisas do ofício”.

A polissemia dos antigos foi, em mais de uma ocasião, simplificada, ou até amesquinhada, pelos modernos. No entanto, voltamos aos sentidos e à riqueza das origens, quando estamos diante da arte de Denise Milan. Virtuosa da beleza, a partir das rochas, das pedras e dos metais, sua arte é pura poesia, no sentido mais objetivo do termo.

Por melhores que sejam as palavras, nunca alcançam a precisão, para designar certas coisas que se expressam ultrapassando fronteiras e limiares. A arte de Denise Milan é assim, e mais: um convite ao conhecimento, empregando um processo de radical empatia com a Natureza. Há muitas lições de arte e humanismo nisso, e a primeira é esta: a beleza não é feita somente para se contemplar.

A exuberância e elegância do seu trabalho artístico nos incita a ver e fruir as formas sem pressa. Não com o frenesi do consumo – de gourmet ou de gourmand – e, sim, numa atitude mais refinada de comunhão. No longo artigo sobre alguns aspectos da sua estética, tentamos mostrar que ela materializa suas criações artísticas como um demiurgo (no sentido platônico). Sabemos que seus minerais, rochas, pedras e metais integram um reino, mas, como os entendemos como coisas vivas, com alguma licença poética, pensamos neles como parte de um domínio. Nas suas exposições (inclusive a mais recente, em São Paulo, que se estende até fevereiro de 2026, no Hotel Rosewood), o leitor/espectador tem a prova. Prova no sentido científico, e no sentido de degustar, provar um alimento.

Como em outra ocasião, esta edição de Continente é oferecida ao leitor com duas capas distintas. A da arte “extática” e individual de Milan, que se esmera em poesia e técnica, e a dinâmica coletiva do cinema, que é técnica (no sentido moderno), por excelência e, quando alcança a excelência, é também poíesis e techne.

Mario Helio | Editor

Características

  • Edição: Setembro/ Outubro / Novembro 20025
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